CFO Esclarece: a importância da saúde bucal na prevenção da insuficiência cardíaca

No Dia Nacional de Alerta contra a Insuficiência Cardíaca, celebrado hoje, 9 de julho, o Sistema Conselhos de Odontologia destaca que até 45% das doenças cardíacas podem ter relação com infecções na cavidade bucal, por isso a importância dos cuidados com a higiene oral.
As doenças cardiovasculares são as principais causas de internação e mortes no Brasil, quando se fala em doença clínica não traumática. Entre elas, a de maior incidência é a insuficiência cardíaca, que no país atinge aproximadamente 2 milhões de pessoas e tem incidência de 240 mil novos casos por ano. Parte significativa desses casos pode estar diretamente associada à saúde bucal dos pacientes.
Dados do Instituto do Coração (InCor) apontam que até 45% das doenças cardíacas podem ter relação com infecções na cavidade bucal, entre elas a periodontite, inflamação que afeta os tecidos que suportam os dentes, incluindo a gengiva, os ligamentos periodontais e o osso alveolar.
Por este motivo, neste Dia Nacional de Alerta contra a Insuficiência Cardíaca, celebrado hoje, 9 de julho, o Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de todo país alertam para a importância dos bons hábitos de saúde bucal para combate à periodontite e prevenção da insuficiência cardíaca.
O secretário do CFO, Roberto de Sousa Pires, especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Pará (UEPa), explica que em pacientes já diagnosticados com insuficiência cardíaca, a presença da periodontite pode acelerar a progressão da doença e dificultar o controle clínico.
“Portanto, o cuidado com a saúde bucal não deve ser negligenciado pelos pacientes com insuficiência cardíaca e demais complicações do sistema cardíaco. Pelo contrário, deve ser visto como parte essencial do tratamento da doença”, destaca o secretário Roberto Pires.
O presidente da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar do CRO-MS, Mário Eduardo Baldo, Doutor em Saúde e Desenvolvimento, especialista em atendimento odontológico para pessoas com necessidades especiais, explica que a periodontite geralmente ocorre devido à má higiene bucal e ao acúmulo de placa bacteriana nos dentes.
“A bacteremia de foco periodontal pode induzir a disfunção endotelial, aumentando a probabilidade de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), estudos recentes indicam que indivíduos com periodontite têm um risco aumentado de 20% a 50% para doenças cardiovasculares, mesmo considerando os fatores de risco tradicionais, como hipertensão e diabetes”, complementa Mário Baldo.
Principais doenças cardíacas associadas a problemas bucais
Entre as principais doenças cardíacas que tem relação com infecções na cavidade bucal estão a Doença Arterial Coroniana (DAC) e a Endocardite Infecciosa.
Na DAC, a periodontite contribui para a aterosclerose por meio da liberação de citocinas pró-inflamatórias (como IL-1, IL-6 e TNF-α) e da disseminação de bactérias periodontais na circulação. Essas bactérias podem aderir às paredes arteriais corroborando para a formação da aterosclerose. Atualmente existem evidências indicando que cepas de Porphyromonas gingivalis desempenham papel direto na progressão da DAC.
Já a Endocardite infecciosa, é uma infecção do endocárdio, frequentemente associada à bacteremia causada por procedimentos odontológicos ou infecções bucais não tratadas. Bactérias como Streptococcus viridans, comuns na cavidade oral, podem colonizar válvulas cardíacas danificadas, levando a complicações graves.
Ressalta-se ainda que, além dos impactos negativos para a boca e de estar associada às doenças cardiovasculares, a periodontite pode também agravar outros quadros clínicos como o diabetes, complicações respiratórias e o Alzheimer.
Importância do tratamento odontológico
O secretário do CFO, Roberto de Sousa Pires, ressalta que manter boas práticas de saúde bucal evitam complicações futuras com relação às inflamações da cavidade oral e, consequentemente, em relação ao coração. Ele orienta que os pacientes devem manter uma boa rotina de higienização, consultar um cirurgião-dentista periodicamente e atentar-se a possíveis sintomas de inflamação nas gengivas, que incluem coloração vermelha, inchaço, sangramento e pontos com pus.
Pires ainda destaca a importância da Odontologia Hospitalar, com a presença de cirurgiões-dentistas no atendimento a pacientes acamados, em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) ou em demais áreas de longa internação. “O atendimento odontológico é fundamental para pacientes graves, uma vez que o cirurgião-dentista poderá identificar pontos de inflamação ou infecção na cavidade bucal, o que vai prevenir maiores complicações cardíacas e pulmonares e o consequente agravamento de quadros. Ou seja, a Odontologia Hospitalar é de suma importância porque salva vidas”, afirma.
Insuficiência cardíaca
Segundo o Ministério da Saúde, em 2021 foram registrados mais de 167 mil atendimentos de pessoas com insuficiência cardíaca na Atenção Primária à Saúde do Brasil. Em nível mundial, a doença atinge cerca de 2% da população e vem apresentando uma tendência de alta, principalmente devido ao envelhecimento populacional e maior expectativa de vida. Os sinais da doença variam de pessoa para pessoa, mas entre os mais comuns estão, falta de ar, fadiga, inchaço e batimentos cardíacos irregulares.