CFO Esclarece: Entenda o que é o herpes labial e o papel do cirurgião-dentista no tratamento das infecções
A infecção causada pelo vírus do herpes não tem cura, sendo uma condição comum e altamente contagiosa. Tratamento deve ser realizado com acompanhamento de um cirurgião-dentista
O herpes labial é uma infecção causada pelo vírus herpes simples, o HSV, ou simplex vírus. Ele provoca lesões, geralmente próximas aos lábios, e exige tratamento com cirurgiões-dentistas, que são os profissionais capacitados para diagnóstico e tratamento das doenças orais. Por este motivo, o programa CFO Esclarece, voltado à divulgação de informações orientativas em favor da classe odontológica e da população em geral, traz informações sobre as infecções provocadas pelo herpes labial.
O tesoureiro do Conselho Federal de Odontologia, Élio Silva Lucas, pós-graduado em Odontologia Legal e Odontologia do Trabalho, ressalta que a infecção provocada pelo vírus do herpes é caracterizada pelo surgimento de bolhas dolorosas e feridas nos lábios ou ao redor da boca.
“O herpes é uma condição comum, altamente contagiosa e geralmente recorrente. Então, sempre que a pessoa estiver com imunidade baixa, com gripe, ou com períodos de fragilidade do sistema imunológico, o vírus se manifesta. Por isso, diante do aparecimento dos primeiros sintomas, o paciente deve consultar um cirurgião-dentista, que vai indicar o tratamento de forma individualizada”, complementa.
Tipos e formas de transmissão
Existem dois tipos de vírus causadores do herpes, o HSV-1, causador do herpes simples, e o HSV-2, que causa o herpes genital. Geralmente, o contato com o vírus acontece ainda na infância, mas a doença pode levar anos para se manifestar, havendo casos em que o paciente poderá permanecer assintomático por toda vida. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 13% e 37% das pessoas que contraem os vírus do herpes apresentam sintomas.
O tipo 1 é mais comum e tem ocorrência em locais como rosto, boca e lábios, podendo ser transmitido através do compartilhamento de objetos contaminados ou, de forma mais frequente, pelo contato direto com as vesículas que têm o líquido viral em seu interior, como por exemplo pelo beijo. Além disso, o tipo 1 também pode causar herpes genital.
Já o tipo 2, normalmente transmitido por contato sexual, é mais comum na região genital, mas também pode causar herpes oral, embora os casos não sejam frequentes. O diagnóstico das infecções com manifestação oral pode ser feito por cirurgiões-dentistas, ou médicos, a partir dos sintomas apresentados. Em alguns casos, pode ser necessária a biópsia das lesões para correta identificação do tipo de vírus que acometeu o paciente.
5 fases da doença
A cirurgiã-dentista e mestre em Estomatologia, Fabiana Quaglio, explica que a infecção pelo herpes possui cinco etapas de evolução. A primeira é a chamada prodrômica, uma fase anterior ao aparecimento das lesões. O paciente apresenta coceira, ardência, queimação, formigamento nos lábios, irritação na pele e na mucosa, sendo que em alguns casos chega a apresentar edema ao redor do lábio ou na pele, no canto da boca ou na comissura labial.
A segunda é a chamada fase de bolha, em que aparecem as pequenas vesículas agrupadas em volta da boca, com líquido em seu interior, que contém a carga viral do herpes. Já a terceira fase é o rompimento bolhoso, em que a ferida fica aberta e causa dor. O líquido do interior se espalha, o que favorece a contaminação. Fabiana Quaglio ressalta que na fase bolhosa do herpes, a orientação é que o paciente separe os utensílios de uso pessoal, assim como evite contatos íntimos com parceiros ou familiares em geral.
“Ao paciente herpético, recorrente, a orientação é o cuidado para não haver essa contaminação cruzada dentro do ambiente familiar. Depois do rompimento, em que as bolhas fazem essas feridas dolorosas, existe a quarta fase, que é caracterizada pelo desenvolvimento da crosta, ou seja, a casquinha sobre a ferida”, complementa Fabiana.
Após a formação da crosta, inicia-se a quinta e última fase, que é a cura. A casca da ferida cai e a pele se regenera normalmente, sem deixar cicatriz, salvo casos em que a pessoa expõe a lesão ao sol e não segue os cuidados recomendados.
Recorrência
O vírus do herpes, depois do primeiro contato, fica latente no organismo e pode ser reativado por conta de alguns gatilhos, como estresse e exposição excessiva ao sol. Nesse último caso, os melanócitos ativam a melanina e alteram a cor da pele, o que gera um processo inflamatório que pode ‘acordar’ o vírus. O herpes não tem uma cura definitiva, mas é possível amenizar e controlar os sintomas que o vírus causa através da utilização de antivirais tópicos e orais.
“Doenças virais ou bacterianas, como a gripe, por exemplo, também podem desencadear o herpes. Muitos pacientes afirmam que, ao serem acometidos por quadros virais, apresentam também uma “febre na boca”. Porém, na verdade, é o vírus do herpes que estava ali latente, adormecido e acaba se manifestando. Há pacientes que têm recorrência mensal de herpes devido ao período menstrual, um momento que muitas mulheres sofrem com desconforto, como cólica e dores”, explica a estomatologista.
A Odontologia no tratamento do herpes
O cirurgião-dentista tem papel fundamental na identificação e tratamento do herpes labial, através do diagnóstico correto, orientação sobre prevenção e transmissão, prescrição de medicamentos antivirais e aplicação de terapias para acelerar a cicatrização. Ele é o profissional mais indicado para diferenciar o herpes de outras doenças na boca e pode tratar lesões secundárias ou recorrentes.
Por isso, ao sentir os primeiros sintomas do vírus, como coceira, prurido, ardência e edema no canto dos lábios, é importante consultar o cirurgião-dentista de confiança que irá prescrever o antiviral mais indicado.
“É de extrema importância verificar o histórico de recorrência de herpes desse paciente para se dosar qual a medicação mais indicada, a quantidade e se será oral ou tópica. Além disso, manter a higiene do local é fundamental, assim como evitar tocar e arrancar a casca da ferida”, complementa a cirurgiã-dentista Fabiana Quaglio.
Herpes zóster oral
De acordo com o Ministério da Saúde, o herpes zóster é uma doença causada pelo Vírus Varicela-Zóster (VVZ), o mesmo que causa também a Catapora. É um vírus que permanece em latência durante toda a vida do paciente e tem manifestação mais agressiva, podendo surgir na região orofacial. Ele pode se manifestar em nervos da boca ou face, como o nervo trigêmeo, e afetar o céu da boca (palato duro), gengiva, língua ou a mucosa oral.
O herpes zóster oral caracteriza-se por vesículas (bolhas pequenas) que se rompem e formam úlceras dentro da cavidade oral e aparecem somente de um lado da boca. Em casos mais severos, pode envolver até zóster oftálmico ou zóster ótico, como a síndrome de Ramsay Hunt, quando atinge o nervo facial e pode causar paralisia facial e lesões na boca e orelha.
“O herpes labial não representa risco grave à saúde na maioria dos casos, mas pode causar desconforto físico e emocional, especialmente por conta do estigma associado às lesões visíveis. Por isso a orientação é que o paciente procure por um cirurgião-dentista logo que perceber os primeiros sintomas para que o tratamento possa ser iniciado o quanto antes, de forma a neutralizar a ação do vírus e amenizar seus sintomas”, complementa o tesoureiro do Conselho Federal de Odontologia, Élio Silva Lucas.