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Goianinha é o primeiro município do RN a oferecer tratamento ortodôntico no CEO

Goianinha é o primeiro município do RN a oferecer tratamento ortodôntico no CEO
TSB Ana Cláudia, coordenador de Saúde Bucal, Ruy Bessa e a ortodontista Mikarla Cely

Em funcionamento há menos de três meses, o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas) de Goianinha, a 60 km ao sul de Natal, é o único do Estado do Rio Grande do Norte a oferecer o tratamento ortodôntico, com a colocação de aparelho fixo, o mais comum, que consiste de bandas, fios e bráquetes nas arcadas dentárias superiores ou inferiores, ou ainda em ambas, de acordo com a avaliação do ortodontista.

Especialidade odontológica que tem como objetivo a prevenção, supervisão e a orientação do desenvolvimento do aparelho mastigatório e a correção das estruturas dento-faciais, incluindo as condições que requeiram movimentação dentária, bem como harmonização da face no complexo maxilo-mandibular, a ortodontia começou a ser oferecido pelo Sistema Único de Saúde, a partir de 2011, com a publicação da Portaria Ministerial Nº 718/SAS de 20/12/2010.

No Brasil, Goianinha está entre os 10 municípios que oferecem este serviço por meio dos CEOs. Já no Nordeste, apenas outras três cidades também fazem o atendimento ortodôntico: Fortaleza e Sobral, no Ceará, e Arapiraca, Alagoas.

No Rio Grande do Norte, dos 26 CEOs em funcionamento em 19 municípios, somente o de Goianinha tem o serviço de ortodontia.

Inaugurado em setembro deste ano, o CEO de Goianinha já está colocando aparelhos ortodônticos em 150 estudantes entre 11 e 15 anos da 6º série da rede municipal de ensino, que passaram inicialmente por um processo de triagem pela ortodontista Mikarla Cely Freitas de Araujo, que foi contratada pela prefeitura de Goianinha para prestar este atendimento.

Segundo o coordenador de Saúde Bucal de Goianinha, Ruy de Bessa Medeiros, a triagem foi feita em 15 salas de aula da 6º serie, com a ortodontista selecionando em média 10 alunos por sala.

Após a ortodontista selecionar os estudantes para iniciar o tratamento, eles passaram por um primeiro atendimento nas unidades da Atenção Básica para receber os cuidados odontológicos necessários, como limpeza, restaurações, exodontias, endodontia (tratamento de canal), entre outros.

Como o SUS só financia R$ 242,00 por pessoa para o tratamento, não incluindo a documentação ortodôntica necessária, Ruy explica que a alternativa encontrada pela secretaria Municipal de Saúde foi pesquisar preços para que os usuários pudessem arcar com este custo, porém pagando um valor menor de mercado.

A documentação ortodôntica consiste em modelos de gesso, traçados cefalométrico, fotografias intra-bucais e extra-bucais e os raios X (telerradiografia, panorâmica e periapicais) que permitem ao ortodontista planejar o tratamento de acordo com as necessidades do paciente.

De acordo com o coordenador de Saúde Bucal, em média, o custo desta documentação nas empresas privadas de radiologia fica em torno de R$ 150,00 a R$ 200,00.

Na pesquisa realizada, um centro de radiologia em Parnamirim ofereceu um preço mais acessível aos pacientes selecionados para a realização da documentação ortodôntica.

“A gente fez uma cotação de preço e conseguimos fechar esta documentação a um custo de R$ 75,00 por estudante, que os pais estão pagando, já que o SUS não cobre esta documentação”, explica Medeiros.

Segundo o coordenador de Saúde Bucal, o valor repassado pelo governo Federal de R$ 242,00 por tratamento a ser realizado deu para fazer uma licitação para compra de material a um custo de R$ 150,00. A diferença da economia deu para adquirir mais material para ser usado como reposição durante o tratamento, que pode durar em média dois anos.

O estudante José Augusto Rocha Bezerra, 12 anos, da escola municipal Pedro Alexandrino da Silva, na zona rural, no sítio Miranda, é um dos selecionados. Na ultima quarta-feira, 11 de dezembro, ele estava colocando o aparelho com a doutora Mikarla.

Segundo ele, os pais José Domingos, trabalhador na usina de açúcar de Goianinha, e a mãe, Rossiane, dona de casa, não tinham condições de pagar o tratamento. Ele deixou o consultório do CEO com um sorriso e feliz por ter sido selecionado na escola.

Outro aluno da mesma escola, Joênio Henrique Guedes, 15 anos, também recebeu o aparelho na quarta-feira. Ele também disse que os pais não podiam pagar o tratamento. A mãe, Severina Guedes da Silva, disse que o marido tem uma pequena panificadora na zona rural de Barrocas e que o pagamento mensal da manutenção de um aparelho ficaria inviável.

Quanto ao pagamento de R$ 75,00 pela documentação ortodôntica para fazer o tratamento pelo SUS, ela disse que o valor não estava caro, já que só a manutenção mensal de um aparelho numa clínica particular estava em torno de R$ 80,00.

A estudante Júlia Mirele, 12 anos, moradora no sitio Miranda, também está fazendo o tratamento ortodôntico. Filha de ajudante de pedreiro e da professora, Hozana Félix, a menina disse que a família não tinha condições de arcar com o tratamento em clínica privada. “Só o pagamento da documentação ortodôntica dá para arcar, já que pelo SUS não vou pagar a mensalidade pela manutenção do aparelho”, diz Hozana.

“Nesta fase de montagem dos aparelhos, as crianças vêm até duas vezes por mês ao consultório. O que a gente pode adiantar, a gente adianta”, explica Mikarla.

“A manutenção é mensal, a criança vem e a gente faz os ajustes e marca o retorno. O primeiro e único custo é a documentação ortodôntica, depois não paga mais nada”, diz a ortodontista do CEO.

Segundo ela, como profissional, “é bem gratificante ver as crianças saindo do consultório com um largo sorriso na boca e satisfeita”. Já os pais, diz, a dentista, ficam “maravilhados” com o novo sorriso dos filhos.

“Nós temos apenas três CEOs no Nordeste que fazem ortodontia, e Goianinha é o quarto município a oferecer o serviço e apresenta um diferencial por fazer ortodontia corretiva fixa”, destaca o coordenador de Saúde Bucal.

Ele explica que inicialmente “o nosso público alvo são as crianças da 6º série, mas no momento o município não tem condições de estender este atendimento porque temos apenas uma ortodontista”.

Segundo Medeiros, no futuro existe a possibilidade de ampliá-lo para atender mais pessoas, não apenas estudantes. “Pelo menos 90% da população apresenta problemas de oclusão”, diz ele, justificando esta necessidade de ampliação do serviço.

Dos 150 estudantes selecionados para receber o tratamento, até o dia 11 de dezembro, a ortodontista calcula que cerca de 50% deles já tinham providenciado a documentação ortodôntica e agora já estão colocando o aparelho, que pode ser na arcada dentaria superior ou inferior, dependendo da necessidade.

O CEO DE GOIANINHA

O CEO de Goianinha atende em média 2 mil pessoas mês nas especialidades de Periodontia, Endodontia, Cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros, Ortodontia e atendimento a portadores de necessidades especiais, além de possuir um laboratório de prótese que atende cerca de 50 pessoas por mês.

Trabalham no CEO um total de 17 profissionais de odontologia, sendo oito cirurgiões-dentistas (dois para endodontia, dois para prótese, um para cirurgia, um para pacientes especiais, um para periodontia e um para ortodontia), além de um TPD e oito ASBs e TSBs.

O TPD Eriberto de Alcântara Lopes é o responsável pela confecção das próteses, após o paciente passar pela moldagem com os cirurgiões-dentistas. Em média, 50 próteses são entregues por mês aos usuários do SUS.

Segundo Medeiros, o prefeito de Goianinha, Júnior Rocha, tem dado total apoio a ampliação do atendimento odontológico no município, que tem 24 mil habitantes e conta 10 Equipes de Saúde Bucal. Com os novos critérios do Ministério da Saúde sobre cobertura das equipes da Estratégia de Saúde da Família, que passa de três mil moradores para dois mil, o município vai implantar em breve mais duas equipes de Saúde Bucal.

Atualmente, a prefeitura de Goianinha paga em média R$ 3.600,00 de salário para o cirurgião-dentista e R$ 800,00 para o ASB.

ABOR-RN PARABENIZA GOIANINHA

O presidente da secção do Rio Grande do Norte da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR-RN), Emerson Pimenta de Melo, conselheiro do CRO-RN, explica que a entidade ajudou na criação e na divulgação do projeto de implantação da ortodontia nos CEOs.

“A implantação da ortodontia nos CEOs é muito importante tanto para os profissionais especialistas que irão ter mais oportunidades de trabalho, como para os pacientes que serão atendidos por um profissional com conhecimento técnico e preparo para o tratamento de más oclusões”, destaca Melo.

Segundo ele, “temos que parabenizar a prefeitura de Goianinha por ter implantado a especialidade de Ortodontia no CEOs do município e esperamos que outros municípios do Estado sigam o exemplo”.

Para o presidente da ABOR-RN, quanto mais CEOs oferecerem a especialidade, o tratamento ortodôntico poderá ser iniciado nos pacientes em uma idade mais precoce.

“Isso simplifica, aumenta a aceitação do tratamento pelo paciente e diminui o tempo de tratamento, além de, em alguns casos, evitar extrações dentárias e futuras cirurgias ortognáticas”, explica Melo, ortodontista há mais de 10 anos.  

“Com o empenho dos gestores e com profissionais qualificados e dedicados podemos fazer uma odontologia de qualidade e com custo muito baixo para os pacientes do SUS”, afirma o presidente da ABOR-RN.

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