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CFO Esclarece: Cirurgiões-dentistas são peças chave no Mês Nacional do Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço

CFO Esclarece: Cirurgiões-dentistas são peças chave no Mês Nacional do Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço

No Julho Verde, o Sistema Conselhos de Odontologia destaca a importância do diagnóstico precoce para a doença; dados mostram que jovens descobrem tumores em estágios avançados

Julho é o Mês Nacional do Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, instituído no país por meio da lei federal 14.328 de 2022. Também conhecido como Julho Verde, o período é de fundamental importância para ações de conscientização sobre a doença, que em cerca de 80% dos casos é diagnosticada em estágio avançado no Brasil. Por esse motivo, o Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de todo país fazem o alerta sobre a importância do diagnóstico precoce, sendo o cirurgião-dentista um dos profissionais de fundamental importância para identificação de novos casos, encaminhamento dos pacientes ao atendimento especializado e posterior tratamento de possíveis sequelas na cavidade oral.

Neste ano de 2025, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) divulgou os resultados de um estudo inédito com o mapeamento dos tumores de cabeça e pescoço no Brasil. Foram avaliados mais de 145 mil casos, entre 2000 e 2017, sendo que 78,2% foram diagnosticados nos estágios III ou IV, condição que compromete o tratamento e as chances de cura dos pacientes. A maior porcentagem de tumores em estágio avançado ocorreu na hipofaringe (91,3%), seguida pela orofaringe (86,6%), cavidade oral (75,1%) e laringe (69,5%).

“As estatísticas são um alerta para que as pessoas se conscientizem sobre a importância da busca por atendimento. No caso dos tumores de boca, eles podem ser identificados com maior facilidade porque parte dos sintomas é visível. Então a orientação do Sistema Conselhos de Odontologia é de que de forma rotineira, ou ao menor sinal de alteração na cavidade oral, os pacientes procurem por um cirurgião-dentista. O profissional poderá identificar os casos suspeitos precocemente, fator que pode significar a diferença entre a morte e a vida”, destaca o presidente do Conselho Federal de Odontologia, Claudio Miyake.

Além da alta prevalência de pacientes jovens com tumores em estágio avançado, o estudo do INCA mostrou que cerca de 80% dos pacientes são do sexo masculino, com menos de 50 anos, baixa escolaridade e consumidores de álcool e tabaco. A cirurgiã-dentista e doutora em Patologia Bucal, Rosana Giordano, que é professora Emérita da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e presidente da Comissão de Ética do Conselho Regional de Odontologia do Mato Grosso do Sul (CRO-MS), explica que os resultados dos estudos também são observados de forma clara no dia a dia clínico.

“O câncer de cabeça e pescoço é uma realidade e está cada vez mais em alta nos diagnósticos, principalmente em jovens na faixa entre 30 e 40 anos. Isso se deve ao alto consumo de tabaco e álcool, além de contaminação pelo HPV. Inclusive, é importante frisar que nos casos de jovens que não fumam e não bebem, o ato sexual oral sem uso de preservativo tem sido um fator dominante. Por isso é tão importante que, ao atender pacientes jovens em consultório, o cirurgião-dentista os oriente sobre os maiores fatores de risco para os cânceres de boca e de orofaringe”, destaca Rosana Giordano.

Complementarmente, a cirurgiã-dentista Perla Assayag, tesoureira do Conselho Regional de Odontologia do Amazonas (CRO-AM) e especialista em Odontologia Hospitalar, reforça a importância do diagnóstico precoce. “A identificação da doença em fase inicial é fundamental para que o paciente tenha maiores chances de cura, além de reduzir a necessidade de um tratamento mais invasivo ou radical. Além disso, todo câncer precocemente diagnosticado também tem os riscos de sequelas minimizados, já que as cirurgias são pequenas e feitas de forma bastante localizada, dentro da margem de segurança”, aponta.

A Odontologia no combate ao câncer de cabeça e pescoço
O Conselho Federal de Odontologia esclarece que o cirurgião-dentista está entre os principais profissionais, dentro de uma abordagem multidisciplinar, atuantes em casos de câncer de cabeça e pescoço, com foco mais específicos nos tumores da cavidade oral. Eles possuem um papel importante de orientação dos pacientes, para que conheçam o câncer de cabeça e pescoço e fiquem atentos aos sintomas que merecem maior atenção.

Entre os principais pontos a serem observados pelos pacientes estão:

  • Manchas brancas ou avermelhadas na boca
  • Feridas na cavidade oral que não cicatrizam após 15 dias
  • Dor de garganta persistente
  • Dificuldade ou dor para engolir
  • Alterações na voz ou rouquidão por mais de 15 dias
  • Aparecimento de nódulos no pescoço
  • Perda de peso acentuada

No caso de identificação de casos suspeitos, o cirurgião-dentista também atuará por meio da realização dos encaminhamentos necessários. “Esses fatores observados, como a rouquidão e dor de garganta que não cessa com medicamentos, são fortes indícios de que o paciente pode estar com câncer de orofaringe. Então o cirurgião-dentista deve alertar o paciente sobre esse tipo de neoplasia e fazer o encaminhamento para atendimento especializado, que pode ter diferentes caminhos iniciais, a depender de cada localidade”, explica Rosana Giordano.

Além disso, o cirurgião-dentista ainda possui papel fundamental no atendimento do paciente no período pós tratamento oncológico, como explica Perla Assayag: “Nós vamos atuar na prevenção das possíveis sequelas, tanto da quimioterapia quanto da radioterapia. Então nós vamos acompanhar esse paciente periodicamente tratando as osteorradionecroses, as mucosites, o trismo, a cárie de radiação, a xerostomia, entre outras questões. E esse atendimento é fundamental para maior qualidade de vida dessas pessoas”, afirma.

Estimativa de novos casos no Brasil
Segundo o INCA, o Brasil é um dos principais países do mundo em número de casos de tumores de cabeça e pescoço, que afetam regiões como cavidade oral, faringe e laringe. O número estimado de casos novos de câncer da cavidade oral para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 15.100 casos. Já para os novos casos de câncer da laringe a estimativa é de 7.790 diagnósticos no mesmo período.

A cirurgiã-dentista Perla Assayag destaca que essas estatísticas podem ser revertidas com conscientização e informação. Ela reforça que os principais fatores de risco para o câncer de boca e de orofaringe são o consumo de tabaco e do álcool, além das relações sexuais sem proteção, devendo ser evitados. Além disso, há outros pontos importantes para a prevenção:

“Sabemos que o estresse hoje também causa muitos danos ao corpo humano, sendo um fator muito importante quando a gente fala de prevenção de câncer no geral. Então os indivíduos devem procurar ter uma melhor qualidade de vida, com um sono reparador, prática de atividades físicas e alimentação saudável rica em vitamina D”, pontua a tesoureira do CRO-AM, Perla Assayag.

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