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Um irmão que se foi

O cirurgião-dentista Gibson Azevedo Costa em sua página no Facebook homenageou o colega, amigo e compadre Justiniano Homem Siqueira, que morreu no último dia 1º  de maio.

O texto da homenagem:

Venho tristonho, comunicar aos meus amigos o falecimento do meu colega, amigo e compadre, Justiniano Homem de Siqueira, popular e carinhosamente conhecido como Mano, que há mais de uma década lutava estoicamente contra uma grave doença, que infelizmente o vitimou.

Fato ocorrido ontem 1º de maio, dia do trabalhador. Visitei-o por diversas vezes nalguns hospitais da nossa cidade, quando este convalescia em outras fases daquela longa luta e nunca o vi esmorecer do desejo férreo de viver. Já agora, na fase final deste embate, quando as seqüelas daquele combate se faziam evidentes, nunca percebi arrefecer a sua vontade de superar àquelas adversidades que tolhiam a sua saúde.

Tivemos um relacionamento de amigos em toda sua plenitude. Convivemos com harmonia mesmo com as nossas diferenças. Mano era um homem polêmico como todo grande ser humano. Era um idealista, mas apesar das nossas diferenças políticas, isto jamais representou algum óbice, algum tipo de balizamento ante a nossa sincera amizade. Até porque tratava-se de uma pessoa espontaneamente solidária. Quando se deparava com as dificuldades na vida de algum ser humano, mesmo que aquele necessitado estivesse fora da convivência sadia das suas amizades, atendia-os sempre na medida do possível. De forma natural, muitas vezes anônima.

Era naturalmente um arauto da alegria. Através da sua música trazia, de forma gratuita, os bons ventos da felicidade, a satisfação do existir em todas as ambiências que a vida lhe proporcionou, humilde, brilhar com a sua presença. Luziu alumiando a vida dos mais humildes.

Na realidade, eu, que sou um pequeno ser vivente, sinto-me ainda menor, agora, na certeza de sua ausência. A nossa querida Natal perde decerto um grande homem, e fica um pouquinho mais órfã, no seu manancial de decência e cidadania.

No burburinho das despedidas fúnebres lembrei-me de um recente momento que juntos participamos, a festa dos trinta anos de fundação do bar do amigo Mário Barbosa. Quis o destino que este viesse a falecer poucos meses após àquela memorável festa. Naquela oportunidade saudei ao amigo Mário com uma poesia de minha lavra. Refiro-me a uma glosa que teve como base, um mote que o poeta Pinto do Monteiro deu para o grande tribuno paraibano Raimundo Asfora glosar sobre aquele tema. Confesso que achei- o muito forte e sugestivo à vida humana. Talvez por isto, cometi a heresia de glosar também baseando-me no referido mote.

E foi com esta poesia que eu fiz aquela singela saudação. O compadre Mano apesar de já muito debilitado, à época, compareceu àquela reunião de amigos, e naquele momento dirigiu-se a mim solicitando-me uma cópia daquela peça, tendo eu prontamente atendido ao seu emocionado pedido de poeta.

Hoje, dentro da minha tristeza, encontro conforto em editá-la, despedindo-me do amigo com este expressivo até breve, um “inté mais vê”! Quem sabe nos encontremos numa outra vida. A “verdadeira vida”!...

Mote:
Eu vou enganar a morte
Pois viverei depois dela
Glosa:
Não é que muito me importe,
Se vou agora ou depois,
Mas neste jogo, a dois,
Eu vou enganar a morte.
Não é caso de ter sorte,
Astúcia ou escapadela,
Vou galopando na sela
Do destino, em disparada,
Ao tempo, além da virada...
Pois viverei depois dela!

Natal-RN/ out./ 2013.
Gibson Azevedo.

Gibson Azevedo Costa

Gibson Azevedo Costa